Monday, November 5, 2012

Comparação Milan 1991/93 >>> Juventus 2011/13


A Juve de hoje está bem atrás do fabuloso Milan, um dos melhores times que vi em toda a minha vida

                                                                                       "RODRIGO BUENO do blog DIFERENCIADO"




A grande novidade do futebol mundial no fim de semana foi a derrocada épica da Juventus. Foram para o espaço 49 jogos de invencibilidade, algo realmente muito difícil de se alcançar em um campeonato nacional de ponta. A ascendente Inter ameaçava pela história e pela boa fase quebrar essa série mesmo em Turim. E, com todos os méritos, não ficou apenas na ameaça.
A Juve ainda é líder, mas já vinha dando sinais de que não é de fato uma fortaleza intransponível no calcio. Os últimos triunfos do time, contra Catania e Bologna, já foram bem mais sofridos do que poderia se imaginar. A equipe alvinegra é muito bem montada, especialmente na defesa e no meio-campo, mas uma certa dose de sorte e uma pitada de ajuda da arbitragem deram um tempero especial para a sequência invicta que acabou no sábado.
A campeã invicta da Itália ainda não venceu na Champions League e corre sério risco de não se classificar para o mata-mata do torneio continental. Diante desse novo cenário, é possível com mais clareza posicionar a atual Juve na história. O time buscava alcançar o recorde de invencibilidade do Milan (58 jogos sem perder entre 1991 e 1993 no Italiano), mas tropeçou antes mesmo das 50 partidas. E numa época em que o calcio está mais desfalcado de estrelas e grandes esquadrões.
Rossi; Tassotti, Baresi, Costacurta e Maldini; Albertini, Rijkaard, Donadoni e Gullit; Van Basten e Massaro. Esse é o time-base do Milan de Fabio Capello campeão invicto na temporada 1991/1992, um senhor esquadrão que ganhou o bicampeonato depois com apenas duas derrotas (a invencibilidade recorde caiu diante do Parma numa derrota em casa por 1 a 0). A equipe gozava da base que havia feito estrago na Europa, ganhando com um futebol vistoso e eficiente duas edições seguidas da Copa dos Campeões (1989 e 1990) sob o comando do ótimo Arrigo Sacchi. Esse foi o último time a ser bicampeão europeu de forma genuína.
A JUVE AINDA É LÍDER, MAS JÁ VINHA DANDO SINAIS DE QUE NÃO É DE FATO UMA FORTALEZA INTRANSPONÍVEL NO CALCIO
A Juventus de hoje está bem atrás do fabuloso Milan dessa época, um dos melhores times que vi em toda a minha vida, já não tão pequena assim (o bom de virar quarentão é que já posso citar equipes do passado e bater no peito dizendo que as assisti ao vivo). Não dá para tirar o mérito de uma esquadra que ficou bons 18 meses sem conhecer a derrota no calcio. Chegou-se a pensar que a Juve seria bicampeã do Italiano sem derrota (ainda é a favorita), mas a história prega peças e ensina. “Era irritante ouvir tanto sarcasmo da Juventus antes da partida. Só quero respeito”, atacou Andrea Stramaccioni, ótimo técnico da Inter que ousou naquela que já é a melhor partida de sua ainda breve vida como treinador.
A arbitragem ainda deu o ar da graça permitindo à Juve sair na frente do placar com um gol em que houve um impedimento claro de Asamoah. Mas a Inter ousou com Palacio, Milito e Cassano para chegar à nona vitória seguida, virando assim o “time do momento” na Bota. A equipe de Milão mostrou ter a velocidade e o poder de fogo que faltam por vezes à atual detentora do scudetto, que já não conta mais com os gols salvadores e o carisma da lenda Del Piero como na temporada passada.
O pênalti que gerou o empate da Inter também é deveras discutível, foi bem mandrake mesmo, mas a Inter o ganhou e ganhou depois o jogo porque foi abusada e rápida quando tinha a bola. Colocou a então imbatível Juve contra as cordas numa jornada feliz de Nagatomo e Guarín. Milito não sabia o que era marcar na Juventus pelo Italiano. Aprendeu agora e deu uma lição na Velha Senhora. Palacio também dá sinais de viver uma fase tão boa quanto a sua melhor no Boca Juniors. Ou seja, parece que estamos vendo uma passagem de bastão na Itália, com a Juventus perdendo sua aura intocável e a Inter chegando ao topo com um futebol mais leve e solto.
Stramaccioni, um dos melhores nomes da nova safra de técnicos italianos, apostou em campo num 3-4-3 e fora dele num outro ataque à Juventus, algo que respinga nos contestados 30 títulos nacionais da equipe de Turim (oficialmente são 28, pois dois foram cassados). “A Juventus continua falando sobre o que aconteceu em campo, em campo. Pois a Inter os venceu em campo.”

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