o preço até gloria 

Chelsea gastou R$ 2,2 bi para levar a Liga dos Campeões

Foi este o montante gasto por Roman Abramovich desde quando assumiu, em 2003, até o tão sonhado título europeu

Chelsea campeão da Champions League 2012 (Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters)

A busca de Roman Abramovich pela tão sonhada Liga dos Campeões custou 871 milhões de euros (cerca de R$ 2,2 bilhões). Este foi o montante gasto para reforçar o Chelsea nas últimas nove temporadas, desde que o russo comprou o clube inglês.

Porém, nem sempre o investimento foi feito de forma racional. Logo em sua chegada, em 2003, Abramovich desembolsou 174,2 milhões de euros (em torno de R$ 445 milhões). Acreditava que com muito dinheiro seria possível montar um time imbatível. No entanto, teve de assistir ao Arsenal conquistar o título inglês de 2003/04.

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Temporada a temporada, os fracassos se repetiam. Mesmo com a chegada de astros badalados, como Schevchenko, contratado por 46

milhões de euros (R$ 117,5 milhões), e treinadores do naipe de José Mourinho e Felipão. O mais perto do ambicionado troféu continental foi o vice-campeonato de 2008.

Desde então, Abramovich entendeu que só dinheiro não faz um campeão. Porém, a conquista do último sábado fez retomar no russo a fome pela glória a qualquer preço.

 - Muito mais está para ser investido. Existem muitos clubes com três ou quatro títulos, nós só temos um, por enquanto - avisou, sinalizando para mais investimentos.

FAIR-PLAY FINANCEIRO

Embora esteja disposto a gastar, Abramovich não poderá se descuidar do "Fair-play financeiro" imposto pela Uefa. A regra, que entrará em vigor a partir da temporada 2013/14, proibirá os clubes de investirem um valor maior do que o arrecadado no ano anterior.

LINHA DO TEMPO

2003-04

Com a vaga assegurada na Liga dos Campeões de 2003-04 no último jogo da temporada anterior, o Chelsea é adquirido por Abramovich, que gasta 140 milhões de libras (R$ 659,3 milhões, na cotação da época).

O russo mantém Claudio Ranieri, mas faz contratações equivocadas, como os argentinos Crespo e Verón. Na primeira temporada, os Blues pasam em branco, mas chegam a sua primeira semifinal de Liga dos Campeões, superando no caminho o rival Arsenal (que acabou campeão invicto da Premier League).

2004-05

Abramovich recruta José Mourinho, então campeão europeu com o Porto. O luso se auto-denomina o "Special One" e prova, levando o Chelsea a seu primeiro título inglês em 50 anos. O pilar defensivo de Cech, Ferreira, Terry, Carvalho e Gallas se torna a melhor defesa da História da Premier League.

Na Liga dos Campeões, mais uma semifinal. Após eliminar o poderoso Barcelona de Ronaldinho nas oitavas, os Blues esbarram no Liverpool.

2005-06

Terry e Lampard lideram o Chelsea ao bicampeonato inglês e se fixam como os dois principais jogadores do elenco. Curiosamente, os dois estão no Chelsea desde antes de Abramovich.

Se domesticamente, os Blues seguem absolutos, na Champions, o Barça se vinga, eliminando o Chelsea nas oitavas com show de R10.

2006-07

Impaciente com as seguidas eliminações na Liga dos Campeões, Abramovich vai por trás de Mourinho e traz Shevchenko do Milan.

Ameaçado pelo ucraniano, Drogba finalmente desabrocha e desanda a fazer gols, deixando o português em posição delicada: manter o marfinense ou jogar com Sheva, amigo pessoal de Abramovich?

Com isso, o Manchester United volta a ganhar a Premier League e o Chelsea se contenta com a Copa da Inglaterra. Na Champions, mais uma eliminação traumática na semifinal para o Liverpool.

2007-08

A relação entre Mourinho e Abramovich se deteriora e logo no começo da temporada o português é demitido. O diretor Avram Grant entra em seu lugar e guia o time à sua primeira final de Liga dos Campeões.

No caminho, o Chelsea exorciza a assombração do rival Liverpool em semifinais, superando os Reds, em casa.

Na final, porém, outro demônio é criado: a disputa de pênaltis. Com um a menos, os Blues levam o Manchester United para os pênaltis e começa com vantagem.

Na hora de fazer o gol do título, porém, o capitão Terry escorrega. O Manchester vira e se sagra campeão europeu.

2008-09

Contando com a admiração de Terry e Lampard, Felipão deixa a seleção portuguesa e assume o Chelsea. O time começa bem a temporada, mas o excesso de empates em dezembro e janeiro e a má relação do brasileiro com outros "senadores" do elenco (Ballack, Cech e Drogba) fazem com que ele seja demitido.

De forma interina, Guus Hiddink assume o time, leva a Copa da Inglaterra e quase coloca o Chelsea na final da Champions (eliminação na semifinal para o Barcelona em jogo polêmico).

2009-10

Abramovich contrata o italiano Carlo Ancelotti, que logo conta com o apoio dos principais jogadores. Os Blues conquistam o "Double": dobradinha com Copa da Inglaterra e Premier League, a primeira da História do clube.

Na Liga dos Campeões, o Chelsea é eliminado nas oitavas de final pela Inter de Milão de José Mourinho.

2010-11

Ancelotti vai perdendo o comando da equipe, que mantém a mesma base desde 2004.

As acusações de que o elenco está velho não caem bem e, após passar em branco, com eliminação nas quartas de final para o Manchester United, o italiano é demitido.

2011-12

Após conquistar a tríplice coroa com o Porto, o jovem André Villas-Boas (auxiliar de Mourinho nos Blues) assume o Chelsea. Sua falta de diálogo com os jogadores experientes, mais notadamente Lampard e Ashley Cole, minam seu trabalho e ele é demitido.

No lugar do luso, entra Roberto Di Matteo, ex-auxiliar e ídolo do clube como jogador. Ele revitaliza atletas como Lampard e Cech e finalmente dá a Abramovich seu maior objeto de cobiça: a taça da Liga dos Campeões.

No entanto, nem isso pode ser o suficiente para ser mantido, já que o russo quer porque quer Pep Guardiola.